Como será a sede do Bernoulli em imóvel histórico no bairro Cidade Jardim
Como será a sede do Bernoulli em imóvel histórico no bairro Cidade Jardim
O imóvel onde funcionou o Colégio Pitágoras, na avenida Prudente de Morais nº 1.602, no bairro Cidade Jardim, andava um pouco sem rumo. Uma triste notícia relacionada a ele foi dada em novembro do ano passado, quando a tradicional instituição de ensino anunciou o encerramento de suas atividades ao final daquele ano letivo. Belo-horizontinos ficaram sem saber qual seria o destino do prédio, que tem mais de 70 anos, estilo neoclássico e muita história para contar. Recentemente, uma boa notícia veio levantar os ânimos de quem pensava que ele poderia ficar esquecido ou abandonado. O tombamento definitivo do imóvel foi aprovado por unanimidade no Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte em agosto deste ano.
No início de outubro, mais uma notícia relacionada ao local. A Bernoulli Educação informou sobre a compra do imóvel histórico. “Estávamos com intenção de construir um prédio novo na região, buscando terreno para isso”, explica o copresidente e fundador Rommel Fernandes Domingos. “Houve então a coincidência de esse prédio quase centenário ficar disponível.” Segundo ele, o imóvel foi adquirido (o valor da compra não foi revelado) e vai passar por reformas, cujo projeto está sendo ainda elaborado. A intenção, diz, é investir nas mudanças necessárias, respeitando as características históricas e exigências relativas ao tombamento. “Adoramos o fato de ser um imóvel histórico, achamos que tudo isso tem a ver com educação: a cultura, a memória do prédio e do bairro”, diz. “Queremos conjugar esse valor e simbolismo com o conforto e o acolhimento de que os alunos necessitam.”
Foto aérea mostra a imponência do espaço: terreno de mais de 18 mil metros quadrados, com cerca de 5,8 mil metros quadrados de área construída(foto: Divulgação)
O plano é que o imóvel receba alunos da Educação Infantil até a primeira série do Ensino Médio – segunda e terceira séries do EM, bem como pré-vestibular, ficam em Lourdes. A intenção é que se amplie o número de alunos atual, mas Rommel afirma que ainda estão no processo de avaliar a capacidade do espaço para saber exatamente como será usado o terreno de mais de 18 mil m² (com cerca de 5,8 mil m² de área construída). “A gente quer começar também com o ensino integral, que sempre foi uma vontade nossa, mas não existia pela falta de espaço”, diz. Atualmente, o grupo é formado pelo Bernoulli Go, Colégio e Pré-Vestibular Bernoulli, com unidades próprias em Belo Horizonte e Salvador, além do Bernoulli Sistema de Ensino, que desenvolve soluções educacionais utilizadas por mais de 720 escolas no Brasil.
O dossiê de tombamento do imóvel revela que o projeto é de 1950 e foi desenvolvido para abrigar o colégio Sacre Coeur de Jesus. O engenheiro e arquiteto responsável foi Vicente Buffalo, um dos primeiros profissionais formados pela Escola de Arquitetura da UFMG. A compra do terreno, de acordo com o documento, foi realizada pelas integrantes da congregação, e a escolha da entrada principal (na Prudente de Morais) se deu após a madre superior Fernande Schoutetten ter visto, na prefeitura, planos para a construção de uma grande avenida ali. O Sacre Coeur oferecia – somente para alunas – o equivalente ao ensino fundamental, o curso normal (formação de segundo grau que habilitava para o ensino) e o noviciado. Chegou a ter mais de 300 estudantes. Nos cinco pavimentos, havia espaços para funções educativas e religiosas, ambientes exclusivos para as freiras, ginásio esportivo, clausura e um andar dedicado ao noviciado.
O imóvel antigamente, quando abrigava o colégio Sacre Coeur de Jesus(foto: Prefeitura.pbh.gov.br/Divulgação)
Em 1977, o imóvel passou a abrigar o Colégio Pitágoras, fundado onze anos antes, como cursinho, por cinco jovens professores: Júlio Fernando Cabizuca, Walfrido dos Mares Guia e João Lucas Mazoni Andrade, contemporâneos do curso de Engenharia, Marcos Luiz dos Mares Guia, médico Phd do Departamento de Bioquímica da Escola de Medicina da UFMG (irmão de Walfrido) e Evando José Neiva, professor de física do Colégio Santo Antônio e, à época, aluno do curso de Engenharia. As freiras passaram a receber um percentual da receita líquida pela cessão dos prédios e demais equipamentos. Quartos em que as irmãs dormiam antigamente foram transformados em salas de aula, mas a arquitetura externa, em estilo que remete ao neoclássico, foi preservada. Um terreno anexo foi adquirido para construção de uma praça de esportes. Eventualmente, o Pitágoras passou a receber alunos da educação infantil ao ensino médio – e depois também superior.
A decisão do Bernoulli de adquirir o imóvel tem a ver, ainda, com as mudanças pelas quais o ensino está passando, como a reforma do Ensino Médio. “A escola moderna precisa de mais possibilidades, itinerários, ofertas diferentes para os alunos e, para isso, precisa de mais espaço”, explica Rommel. “Interatividade, discussão, debate, espaço de convívio, para artes, esporte, isso vai ao encontro de o aluno ser protagonista e fazer suas opções.” A previsão é de que a unidade seja reformada ao longo do ano que vem e inaugurada em fevereiro de 2024.