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Alunos nota 1.000 na redação do Enem 2022 dão dicas para o sucesso

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Três estudantes que alcançaram nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) revelaram ao Eu, Estudante suas principais estratégias para brilhar na disputa e conquistar a tão sonhada vaga na universidade. Em comum entre eles, a prática da expressão escrita sem incorreções, com elementos suficientes para construir um sentido, passar a mensagem, estruturar um texto, construir um sentido.

 

Nesta quinta-feira (9), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), divulgou o boletim de desempenho oficial dos estudantes que realizaram o Enem em 2022. Com as notas do exame, os candidatos podem se inscrever para o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e também para o Portal Único de Acesso ao Ensino Superior (Prouni). Os dois processos, respectivamente, inserem os alunos nas universidades federais de todo o país e fornecem bolsas de até 100% em instituições privadas.

 

Além disso, as notas do Enem garantem ingresso em instituições de ensino superior do exterior, como Universidade de Lisboa, em Portugal, e École Normale Supérieure, na França. Possibilita, ainda, concessão de bolsas e descontos em centros universitários e faculdades da rede particular. Além das notas mínimas exigidas, a redação é um grande gargalo no exame — zerar a prova implica em eliminação sumária. Os que atingiram o nível de excelência, no entanto, só têm a comemorar.

 

É o caso da mineira Julia Oliveira, 20 anos, que já tem como certa sua vaga no curso de medicina, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela conta que desde criança sonha com a profissão e depois do falecimento de seu avô a medicina passou a despertar ainda mais interesse na área. “Tive, então, a certeza de concretizaria esse sonho: passar em medicina e se médica do SUS”, revela.

 

Julia pontua que a pressão por parte da família não fez parte de sua trajetória. Pelo contrário, afirma, a mãe foi a maior incentivadora, desde o início. “Ela dizia: levanta a cabeça e vai estudar, uma hora você vai passar”, lembra a caloura, que sempre estudou em escolas da rede pública, mas entrou em uma escola particular há dois anos, onde concluiu o ensino médio. Confira abaixo as notas dos candidatos:

 

divulgação – Julia Oliveira, 20: preparação contabilizou 100 redações

 

Neste período, ela não alcançou nota para medicina e, por conselhos da mãe, decidiu iniciar direito, mas logo percebeu que advogar definitivamente não é a sua praia. A vontade de ser médica se intensificou e Julia decidiu voltar a estudar para o Enem. “No início de 2022 decidi que seria o ano em que passaria. Foi como uma premonição”, comemora.

 

Julia, então, passou a estudar diariamente das 7 às 9 da noite, incluindo os finais de semana. Com o auxílio de professores do cursinho pré-vestibular Bernoulli, Julia fez exatas 100 redações ao longo do ano. Como o fruto de seu esforço, veio a nota mil na redação, cujo tema proposto foi Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil. E pontuou 940 em matemática, disciplina que costuma provocar ojeriza e tensão entre muitos estudantes.

 

O baiano Erick Quadros, 22, que sonha comemorar com os mais novos calouros de medicina na Universidade Federal da Bahia (UFBA), conta que sua maior dificuldade nas provas foram as questões de linguagens e ciências da natureza. “Sei que a concorrência é grande e a nota de corte esmagadora, mas jamais vou esmorecer”, disse.

 

Erick conta que dividia sua rotina entre estudos para o exame e o trabalho como professor particular de inglês e japonês. Nas segundas e quartas, estudava pela manhã e também à tarde, quando, a partir das 16 horas, iniciava sua jornada de trabalho dando aulas até às 22h14. Nas terças e quintas, também ministrava aulas entre 18 e 23 horas. Embora sua rotina fosse um tanto quanto atarefada, ele se dedicava ao máximo ao cursinho e os conteúdos repassados, chegando a fazer mais de 40 redações até o final da preparação.

 

Para Erick, o tema da redação foi bem discutido em sala de aula também na rede Bernoulli. “Não esperava esse resultado. Pensava em uma nota em torno de 900. Treinei bastante ao longo do ano”, afirma.

 

A decisão de cursar medicina veio ainda no ensino médio. Após a conclusão da educação básica, Erick mudou-se para o Japão, onde morou durante um ano, para fazer um intercâmbio voluntário, ensinando inglês gratuitamente. Quando voltou ao Brasil, em 2021, passou a dar as aulas de forma on-line e dedicar-se ao Enem.

 

Outra redação nota 1.000 foi Giovana Guimarães, 18, de Belo Horizonte (MG), que também tentará uma vaga em medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), embora tenha sido classificada para o mesmo curso pelo vestibular seriado da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). “Se passar pelo Sisu, vou optar pela UFMG”, diz a caloura, revelando ter batido o martelo pela medicina durante a pandemia. “Cheguei a cogitar biomedicina, mas queria mesmo uma profissão que me aproximasse fisicamente das pessoas”, declara.

 

A estudante, que fez as provas do Enem como treineira ainda no ensino médio, lembra que na edição de 2021 se sentiu bastante satisfeita com o resultado. “Meu foco era os exercícios, mas fiz 50 redações durante o ano. Sempre tive um planejamento textual para me ajudar com os temas”, diz.

 

Acompanhar os professores nas redes sociais e procurar por conta própria outros conteúdos didáticos na internet foram outras estratégias que ajudaram Giovana a desenvolver melhor suas redações. “Redação é treino”, sentencia. “Durante a preparação para o Enem é muito importante estabelecer uma rotina de estudos, fazer exercícios e, sobretudo, redações. Essas práticas me deixaram bem muito segura”, afirma a futura caloura.

 

Natural de Fortaleza (CE), Ana Alice Teixeira Freire, 17, foi outra candidata a conseguir a tão desejada nota 1.000 na redação do Enem. Para a estudante do 3º ano do ensino médio, priorizar a saúde mental foi essencial para atingir o resultado. “Nunca tive uma rotina exaustiva de estudos, mas sim uma rotina constante, com muita prática e contato com redação”, explica.

 

Desde o 1º ano do ensino médio, Ana Alice tinha a prática de escrever uma redação por semana, em um laboratório de redação do Colégio Master. “As aulas por si só já eram intensas. Muito do repertório que tenho veio de casa. Por isso, preferi trabalhar a minha saúde mental”, conta a jovem, que começou um tratamento psicoterapeuta em 2022.

 

A estudante pretende cursar jornalismo na Universidade Federal do Ceará e diz que a família sempre a apoiou e a incentivou a seguir no que gosta. “Quem me cobrava era eu mesmo, em vez deles. Durante o ensino remoto na pandemia, exigia muito de mim mesma”, lembra.

 

*Estagiária sob a supervisão de Jáder Rezende

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